03 July 2010

Postal de Lisboa


So take me to the airport
And put me on a plane
I got no expectations
To pass through here again
 


Pois é
agora trabalho
e de tanto trabalhar até me canso
mas é um cansaço triste
de os ver não enquanto dormem, Aí sonham e são livres
O pior é quando se acorda
e
da barafunda das coisas e das gentes
pouco mais há que tempo e tempo e sol se o céu é generoso
porque os homenzinhos de fato suado e gravatela
há muito que nem olham
nem vêem,
Ver o Quê, pergunte-se,
ver Nada responda-se.
 
Mentira!, e de tanto se mentir, a verdade nem quer dizer coisa alguma,
eu, eu vejo-os todos os dias
a rastejar pelo hospital da Saúde adiada
sem abrigo desta Vida Livre
sarnosos de sarna verdadeira
piolhosos de piolhos verdadeiros
bêbados porque o vinho sempre vai alimentando a alegria de mais um dia vivido indo de rua em jardim de banco em sombra até à escadaria da Igreja acompanhando o voo dos pombos que cagam mais do que comem 
do ir indo de fome em fumo de cigarro de apodrecer dentes e pulmões
e
nunca esquecer
eu não consigo esquecer
que somos todos filhos de um Deus Maior
indo e vindo
da esmola à raiva
de rua em rua
no vício de ser feio porco sujo e demasiado pobre para sequer ter direito a falar e ser ouvido.

a medicina não é silêncio que se não oiça
nem denúncia que se cale
Cuidado!



No Expectations, The Rolling Stones



 

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