25 June 2012

PORTUGAL SEM MAR



Tive Azar. 
Eu e vários milhões.
Vivi o antigamente; Salazar, Pide, Guerra Colonial, 25 de Abril, Hoje.
Este país trata mal os seus.
Este país trata-se mal.
Fiz tudo o que pediram, como milhões de outros.
Hoje
tenho as mãos e o futuro vazios. Nada mais.
Sou governado por miúdos
na loucura da mediocridade
feita saber improfícuo.
Há muito este é um país de faz-de-conta.
Nem a língua é já a nossa pátria.
 Nem o Mar
Nem o Oriente do Oriente
.
Um Vazio 
cobre Portugal.
Amortalhado.
.
A bandeira republicana é um pano apenas. Serve para futebóis.
Já não serve para nada.
.
Quando vivi longe, e bem longe foi,
aprendi a ver a pequenez
de quem é pequeno.
E tinha de quando em vez saudade.
Mas fui descobrindo que a saudade
é como o vinho ou o whisky
bebe-se
bebe-se
e depois vem a ressaca.
Porque também vêm à lembrança
todas a traições
e
malfeitorias 
e
mentiras
e
cobardias
.
E Portugal esmorece como um anjo ferido.
E com ele se afunda o Império.

Pois que seja no Mar
Sob o céu das nossas estrelas
dos nossos Rumos.

Não na miserável inutilidade 
em que se quer transformar um povo
uma Nação
um Reino.



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